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Rock in Rio 2024: Cabal fala sobre sua trajetória e a volta de “Vida Marvada”

Rapper, pioneiro e visionário, Cabal fez história em 2006 ao se tornar o primeiro artista brasileiro a ganhar um Grammy Latino com “Vida Marvada“, uma ousada colaboração com Chitãozinho & Xororó, numa época em que misturar rap com sertanejo parecia inimaginável, ele enfrentou críticas, mas sua visão foi reconhecida.

Agora, ele se prepara para cantar “Vida Marvada” no Rock in Rio, o maior festival de música do mundo, reafirmando seu legado e a aceitação de novas sonoridades na música brasileira.

Cabal (Crédito: John Angelillo)

O artista conversou com o QG DA MÚSICA e contou mais sobre sua participação no Rock in Rio, parceria com Chitãozinho & Xororó e lançamentos para 2024.

QG DA MÚSICA: Como surgiu o convite para participar do Rock in Rio, e dividir o palco novamente com as lendas do sertanejo Chitãozinho & Xororó, especialmente em um momento tão significativo como o Dia Brasil?

CABAL: O convite para participar do Rock in Rio surgiu em um dia recente, quando o Xororó me ligou. Ele me disse: ‘E aí, companheiro?! Como você está? A gente vai cantar no Rock in Rio e gostaria de convidar você. Gostaria de saber se você tem interesse, disponibilidade.’ Na hora, eu agradeci e aceitei. Vai ser uma honra, mais uma vez, dividir o palco com essas lendas, em um dia tão significativo, que será o Dia Brasil. Vai ser minha primeira vez no Rock in Rio. Já cantei para plateias muito grandes, como no Planeta Atlântida e no Brazilian Day, em Nova Iorque. Também já recebi um Grammy no Madison Square Garden, mas o Rock in Rio será a primeira vez. Estou muito animado e grato pela oportunidade.

QG: Qual foi a recepção do público quando “Vida Marvada” foi lançada? Você se lembra de alguma reação ou feedback particularmente memorável após a vitória no Grammy Latino?

C: A recepção do público quando “Vida Marvada” foi lançada foi um pouco dividida. Eu sinto que as pessoas que gostam de música, de maneira geral, curtiram muito. No entanto, tanto dentro do público do rap quanto no sertanejo, as pessoas ficaram divididas. Como quase tudo que fiz na minha carreira, foi um pouco à frente do seu tempo. Era uma época em que o rap ainda não tinha essa inserção com outros gêneros musicais, então foi um choque para os mais puristas. Mas o público geral gostou muito. Tivemos um feedback muito legal e, graças a Deus, ganhamos um Grammy Latino com essa música. Depois da vitória no Grammy, todo mundo que criticou veio parabenizar, dizendo: “Eu já sabia!”. Quando o filho é bonito, todo mundo quer ser pai (risos).

QG: Com a música “Vida Marvada” voltando ao palco do Rock in Rio, você acredita que a colaboração entre rap e sertanejo pode inspirar futuras parcerias entre os gêneros no Brasil?

C: Com certeza, “Vida Marvada” foi uma inspiração para tantos outros artistas do rap e de outros gêneros musicais que recentemente fizeram e ainda vão fazer parcerias. Eu lembro que, um tempo depois de “Vida Marvada”, o Edi Rock, dos Racionais MC’s, também fez parceria com uma cantora de música sertaneja. Hoje vejo artistas do meio sertanejo se misturando com o trap. O MC Ryan e o MC Daniel fizeram parcerias com outros cantores de sertanejo universitário também. “Vida Marvada” foi, sem dúvida, muito importante, e eu fico muito feliz de ver o rap ocupando esse espaço na indústria musical, na mídia, nos festivais, porque foi algo pelo qual eu sempre batalhei. Eu sempre acreditei que o rap deveria caminhar junto com outros gêneros e não ser o patinho feio que não se enturma com outros patinhos. Agora, os patinhos estão reunidos (risos).

QG: Qual foi a maior surpresa ou desafio que você enfrentou ao colaborar com Chitãozinho e Xororó, considerando a fusão de estilos tão distintos a quase 20 anos atrás?

C: A maior surpresa da colaboração com Chitãozinho e Xororó, com certeza, foi o convite. Eu não sinto que tive um desafio, porque me considero e sou versátil como compositor e letrista. Então, para mim, foi muito tranquilo colocar minha verdade e minha perspectiva junto com a essência deles. Eu quis trazer justamente essa perspectiva de cidade, enquanto eles trazem a perspectiva do interior. Eu tinha 8 linhas, o que, no meio do RAP, a gente considera meio verso, e não um verso inteiro. Por isso, tive que aproveitar bem, pois a sensação que tive era de que eu não estava representando simplesmente o Cabal; eu estava representando o RAP, junto com Chitãozinho e Xororó, que são lendas da música popular brasileira.

Então, eu quis colocar a frase: “Tô fazendo o meu com muito suor, colocando o RAP nacional no outdoor e, o melhor, o caminho eu sei de cor. É ou não é? Diz aí: Chitãozinho e Xororó”. Depois, tinha a parte deles, que era: “É… é cada dia um desafio”, e encaixou muito bem! A letra da parte deles é incrível. As vezes estou desmotivado ou desanimado, e quando escuto essa letra, é muito inspiradora e motivadora. Todo dia é um desafio. Sei que nada cai do céu. Quando a sorte fecha a porta, eu vou pela janela.
Espero que essa música continue inspirando e motivando muita gente.

QG: Como foi o processo de preparação para a apresentação de “Vida Marvada” no Rock in Rio? Houve alguma alteração ou adaptação na performance para o festival? O que pode nos adiantar?

C: O processo de preparação para o Rock in Rio foi um ensaio. Eu, o Chitãozinho e o Xororó fizemos apenas um ensaio junto com a orquestra e a banda, já que esse show teve a participação da Orquestra de Heliópolis, e eles já estavam bem alinhados. A minha parte é mais fácil: chegar lá, mandar meu rap, agitar a galera, fazer todo mundo jogar a mão pra cima e trazer essa vibe do Hip Hop para o palco. Tenho certeza de que será emocionante e marcante, então não percam!

QG: E pra finalizar, o que podemos esperar após o Rock in Rio em questão de projetos? Tem algum plano de lançamento ainda para esse ano?

C: Eu tô lançando um remake da música ‘Senhorita’, que está completando 20 anos, e, junto com a Julia Carminati, que foi a responsável por essa produção e basicamente por todo o projeto, pela estratégia — junto com o Oliver também, o Olopunk, que fez o videoclipe —, a gente conseguiu trazer uma versão atualizada para os dias de hoje desse clássico, não só do rap, mas da música popular brasileira. Acho que é difícil você achar uma música mais popular que ‘Senhorita’, porque, em qualquer ambiente e pra qualquer público, vai ter gente cantando.

Conseguimos trazer essa pegada do trap, do reggaeton, junto com as características mais tradicionais do rap, do R&B, e, sem contar que eu estou muito feliz com os convidados que participam dessa música. O Gabb, meu parceiro de várias faixas, chegou junto; a MC Luana, que, na minha opinião, é a artista mais braba da cena atual; e o ED, que é um cantor de R&B incrível, super talentoso, que, se vocês não conhecem, precisam conhecer.

Eu estou muito animado com esse lançamento e tenho outras músicas sendo preparadas, outros projetos, que em breve vocês vão ficar sabendo, me acompanhando no Instagram @C4bal. Um salve pra geral! Valeu!

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