João Bosco lança o single “O CANTO DA TERRA POR UM FIO”
“Quando me dei por satisfeito ao chegar no fim dessa canção (fonemas, sonoridades, ainda despidos de tradução e sentido) disse pra mim mesmo: é uma canção que vem do chão, da terra, do suor, do barro do chão, da fauna, da flora, do Poço Fundo…” Assim começa o texto escrito por João Bosco sobre a música “O Canto da Terra por um Fio”, que chega nas plataformas digitais dia 15 de dezembro. Como em um ritual que invoca os espíritos da floresta, o single é cercado pelos sons dos pássaros, faz exaltação à Omama, divindade criadora dos Yanomamis e versos que falam sobre a luta dos povos originários.
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O lançamento marca o início do novo projeto de um dos artistas mais consagrados da Música Popular Brasileira e corresponde à primeira faixa do próximo álbum de inéditas de Bosco, que será lançado em 2024 pela MP,B/Som Livre, seis anos após o premiado disco “Mano que Zuera”.
A faixa tem letra fruto de parceria entre João Bosco e o Francisco Bosco, com arranjo do violoncelista Jaques Morelenbaum.
Para Jaques Morelenbaum, fazer parte desse lançamento é uma grande honra: “João Bosco é um dos grandes criadores da nossa música, tem uma obra vastíssima com parceiros geniais como Aldir Blanc, e agora vem o Chico Bosco com uma enorme força dramática para fechar o ciclo. A parceria entre pai e filho é uma coisa muito bonita. Então, ser parte desse evento na música brasileira é uma honra gigantesca pra mim. Muito obrigado, João Bosco, e que esse single seja o primeiro de muitos.“
Jaques destaca também sobre o significado da canção: “A música fala de criação e destruição, sobre a criação do mundo, sobre a mitologia Yanomami, sobre a asfixia dos rios, a relação do homem com a natureza, sobre aqueles que preservam e os que destroem a natureza e os outros seres humanos.“
O canto da Terra por um fio
por João Bosco
Quando me dei por satisfeito ao chegar no fim dessa canção (fonemas, sonoridades, ainda despidos de tradução e sentido ) disse pra mim mesmo: é uma canção que vem do chão, da terra, do suor, do barro do chão, da fauna, da flora, do Poço Fundo…onde as pessoas vivem, trabalham, preparam a terra para semear, cantam em louvor ao que virá. É uma canção que eu diria Afro-Indígena, ou seja, tem a pegada rítmica/harmônica Afro e uma melodia que remete ao canto da floresta, ao campo, aos bichos, ao chão da terra e àqueles que a habitam… Estamos então numa paisagem de florescimento pois é o que tudo indica. Conversando informalmente como sempre faço com os meus parceiros, nesse caso, com Francisco Bosco, ficamos horas a fio a falar sobre tudo isso. Talvez o Brasil seja um dos raros países do mundo onde se pode discutir a Nação por meio de sua música popular. Foi exatamente nessa encruzilhada que o meu parceiro pensando alto disse que nesse momento, de passado bem recente, devíamos interpretar essa situação de uma maneira mais contemporânea: Queimadas, em vez de Florescimento. Distopia em vez de utopia e por aí ia…
Será que essa interferência em nossas descontraídas reflexões estaria sendo influenciada por “Omama”, a quem é atribuída a origem das regras da sociedade e da cultura Yanomami? Teria um Xapiri (espíritos auxiliares dos pajés) assentado em meu parceiro? O Brasil foi inteiramente afetado de maneira cruel por esse passado recente e que nesse momento estamos a nos deparar com a apuração desses acontecimentos, mas a nossa mata, nossa fauna e nossos indígenas tão exaltados pelos escritores, compositores, poetas e pela própria história ardem em lava que mata tudo que sonhamos. Não é o Poço Fundo, mas o fundo do poço. O canto da Terra por um fio é uma canção que dá a partida para um álbum que será lançado em meados de 2024. Estamos interpretando essa canção: Violoncelista e arranjador Jaques Morelenbaum e eu, de violão e vozes. Gravação realizada no Estúdio Visom Digital, no dia e graça de Cosme e Damião (27 de setembro de 2023).
Lançamento do single “O Canto da Terra por um Fio”
João Bosco, Francisco Bosco e Jaques Morelenbaum
Lançamento: dia 15/12, nas plataformas digitais
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Ficha técnica
Composição: João Bosco e Francisco Bosco
Arranjo: Jaques Morelenbaum
Voz e violão: João Bosco
Violoncelo: Jaques Morelenbaum
Engenheiro de gravação: Guido Pera
Gravado no Studio Visom Digital
Mixado por: Marcio Gama
Masterizado por: Carlos Freitas