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Espetáculo “Um Jardim Para Tchekhov” estreia no CCBB do Rio de Janeiro

Paisagens dramáticas, personagens tomados por questões existenciais e reflexões profundas costumam figurar no imaginário quando se fala em autores russos. Mas esse estereótipo diz pouco sobre “Um Jardim para Tchekhov”, espetáculo que estreou na última quarta-feira, dia 25 de setembro, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro. A peça, que conta com o patrocínio do Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, chega à cidade após temporada no CCBB BH.

UM JARDIM PARA TCHEKHOV (Crédito: Reprodução/Divulgação)

SINOPSE

Transitando entre a comédia, o lirismo e o drama, o texto inédito, assinado por Pedro Brício, narra a história de uma consagrada atriz de teatro, Alma Duran, vivida por Maria Padilha, que vai morar com sua filha, a médica Isadora (Olivia Torres), e seu genro Otto, um delegado de polícia (Erom Cordeiro), em um condomínio em Botafogo, no Rio de Janeiro. Desempregada há três anos, ela começa a dar aulas de teatro para a estudante Lalá (Iohanna Carvalho), enquanto sonha em montar “O Jardim das Cerejeiras”, texto do russo Anton Tchekhov. Ao enfrentar dificuldades para realizar o espetáculo, ela conhece um homem no playground do prédio, que afirma ser o próprio Tchekhov (Leonardo Medeiros), e que passa a ajudá-la.

A DRAMATURGIA

Os limites entre realidade e ficção, comédia e drama, passado e presente, Brasil e Rússia, vão se misturando, numa trama que discute – com bastante humor – a intolerância no mundo contemporâneo. Embora o espetáculo evoque o autor russo, o texto não é inspirado nele, conta Pedro Brício. “O tom tchekhoviano está na dualidade de emoções, nas tensões sociais, na aridez da violência, na intolerância. Por outro lado, há o afeto, a beleza, situações patéticas, risadas. É uma mistura de sentimentos, é sobre rir das nossas dores”.

Por mais que a Alma Duran esteja passando por uma situação difícil, lidando com o fracasso, com a falta de dinheiro, não perde a capacidade de sonhar, de inventar um futuro. Ela planta cerejeiras em um jardim abandonado do condomínio, em pleno Rio de Janeiro. São esses elementos que trazem para perto do público o que, aparentemente, estaria distante no tempo e no espaço, como a obra de um autor russo que viveu entre o século XIX e o XX.

Georgette Fadel, que dirige “Um Jardim para Tchekhov”, conta que “o autor é geralmente lido do ponto de vista psicológico, das relações sociais, mas ele tem uma vertente de humor muito importante, a qual a equipe escolheu ressaltar. ‘O Jardim das Cerejeiras’, por exemplo, é uma comédia, mas ficou conhecida na montagem do diretor russo Constantin Stanislavski, que insistiu em encená-la como um drama, o que conferiu a ela essa pecha”.

VIDA EM MOVIMENTO

“Um Jardim para Tchekhov”, conta a diretora, também chama atenção para a impermanência da vida. “O transitório está presente em diversas camadas do espetáculo, desde o texto à cenografia – com vários elementos que mudam de lugar nas cenas, que balançam. Temos bonecos ‘João Bobo’ representando personagens. O vento é um integrante da peça. O tempo todo está ventando, o que traz uma sensação de movimento, mostra que estamos vivos”.

Como uma crônica cotidiana, a peça tem muito do “mundo real”, transitando entre a tensão e o riso, trazendo questões sociais, raciais, violência, meio ambiente. “Vivemos, junto com os personagens, seus momentos de desprazer, de alegrias. Embarcamos em suas fantasias e também em seus medos. Mas a leveza de sonhar se sobrepõe, a peça é sobre essa liberdade de sonhar. Não no sentido ingênuo, e sim no sentido de não levar tudo tão a sério. Há uma vibração positiva, um sopro de vida”.

ENCONTRO COM TCHEKHOV

Partiu da atriz Maria Padilha a ideia de fazer uma montagem envolvendo Anton Tchekhov. Seu primeiro trabalho com o autor russo foi em 1999, na peça “As Três Irmãs”, dirigida por Enrique Diaz. “Me apaixonei por sua obra, pelo ser humano que ele foi. Desde então sonhava em montar uma peça dele, mas é algo grandioso, com muitos personagens e ficaria inviável financeiramente. Convidei, então, o Pedro Brício, com quem havia trabalhado no monólogo ‘Diários do Abismo’, que fez uma brilhante adaptação das obras da escritora mineira Maura Lopes Cançado. Como grande dramaturgo que é, ele criou a história original que se transformou na peça ‘Um Jardim para Tchekhov’”.

“A Alma Duran é um verdadeiro presente”, a atriz sublinha. “Ela traz um sopro de vida, um sopro de arte. Chega para mudar as relações, tanto na sua família, como para a estudante de teatro Lala, que recebe aulas particulares da atriz. Alma simboliza a própria arte e o teatro como um lugar de respiro, de ar. Ela está entre o lírico e o humor, o drama e a comédia – algo que me dá muito prazer em representar como atriz”, revela Padilha.

DIVAS BRASILEIRAS

Maria Padilha conta que Alma Duran tem bastante de Tchekhov, “aquela coisa febril, de estar vivendo uma fantasia e, de repente, cair na realidade”. E, para além da inspiração no autor russo, as chamadas divas do teatro brasileiro têm um papel importante na construção da personagem. “Ela tem muito de Marília Pêra, que foi minha primeira diretora, da Fernanda Montenegro, da Nathália Timberg, da Renata Sorrah, por quem sou apaixonada, da Marieta Severo, da Camila Amado. Admiro todas que vieram antes de mim, que construíram a história do teatro, como Cleyde Yáconis, Cacilda Becker, Dercy Gonçalves, Tônia Carreiro, Myriam Muniz. Quando falamos em artes cênicas no Brasil não tem como não lembrar da importância dessas divas que pavimentaram a estrada para nós estarmos aqui”, ressalta Padilha.

FICHA TÉCNICA

Dramaturgia: Pedro Brício

Direção Artística: Georgette Fadel

Elenco / Personagem:

Maria Padilha – Alma Duran

Leonardo Medeiros – Anton Tchekhov

Erom Cordeiro – Otto

Olivia Torres – Isadora

Iohanna Carvalho – Lalá

Interlocução de dramaturgia: André Emídio e Maurício Paroni de Castro

Iluminação: Maneco Quinderé

Cenário: Pedro Levorin e Georgette Fadel

Figurino: Carol Lobato

Trilha Sonora: Lucas Vasconcellos

Preparação Corporal: Marcia Rubin

Designer Gráfico: Luiz Henrique Sá

Fotos de Divulgação: Filipe Costa e Guto Muniz

Assistência de Direção: Bel Flaksman

Operação de Luz: João Gaspary

Operação de som: Rafael Emerich

Contrarregra: Wallace Lima

Coordenação Administrativo-financeira: Letícia Napole e Alex Nunes

Assistência de Produção: Luciano Pontes

Produção Executiva: Ártemis – Ártemis Produções Artísticas

Direção de Produção: Silvio Batistela

Produção: Cena Dois Produções Artísticas

Realização: Ministério da Cultura e Centro Cultural Banco do Brasil

Patrocínio: Banco do Brasil e Governo Federal

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany

PEDRO BRÍCIO – autor

Pedro Brício é autor, diretor e ator, e um dos mais produtivos e premiados dramaturgos brasileiros dos últimos 20 anos. Escreveu e dirigiu as peças “King Kong Fran” (em parceria com Rafa Azevedo), “O Condomínio”, “Me salve, musical!”, “Trabalhos de amores quase perdidos”, “Cine-Teatro Limite”, “A Incrível Confeitaria do Sr. Pellica”. Recebeu alguns dos principais prêmios do país pelo seu trabalho, como Shell, Questão de Crítica, Contigo e APCA. Tem textos traduzidos para o inglês, espanhol, alemão. Participou da Feira Internacional do Livro de Frankfurt, da Semana de Dramaturgia Contemporânea, em Guadalajara, e da mostra Una mirada al mundo, no Centro Dramatico Nacional, em Madri. Escreveu e dirigiu os musicais “Icaro and the black stars” e “Show em Simonal”. Como diretor, além dos seus próprios textos, encenou peças de Samuel Beckett, Edward Albee, Rafael Spregelburd, Patricia Melo e Hilda Hilst.

GEORGETTE FADEL – diretora

Georgette Fadel é diretora e atriz de formação acadêmica. Durante os anos 90 se engaja e faz parte do florescimento de um forte movimento de grupos na cidade de São Paulo. Participa da fundação de companhias como Cia do Latão, Núcleo Bartolomeu de depoimentos e Cia São Jorge de Variedades, onde dirigiu e atuou em diversos espetáculos marcantes do movimento estético da virada do século como “O nome do Sujeito”, “Bartolomeu que será que nele deu”, “Biedermann e os incendiários,” “Bastianas”, “Barafonda”, “Quem não sabe mais quem é, o que é onde está, precisa se mexer”. Como atriz foi dirigida por Cristiane Paoli Quito, Tiche Viana, Francisco Medeiros, Cibele Forjaz, Frank Castorf, Felipe Hirsch, Daniela Thomas. Como professora, lecionou em escolas como ELT, EAD Estúdio Nova Dança. Sua trajetória é profundamente ligada à construção da performer livre e consciente dos movimentos do seu tempo.

SOBRE O CCBB RJ

Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro marca o início do investimento do Banco do Brasil em cultura. Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro. São 35 anos ampliando a conexão dos brasileiros com a cultura com uma programação relevante, diversa e regular nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e ideias. Quando a cultura gera conexão ela inspira, sensibiliza, gera repertório, promove o pensamento crítico e tem o poder de impactar vidas. A cultura transforma o Brasil e os brasileiros e o CCBB promove o acesso às produções culturais nacionais e internacionais de maneira simples, inclusiva, com identificação e representatividade que celebram a pluralidade das manifestações culturais e a inovação que a sociedade manifesta. Acessível, contemporâneo, acolhedor, surpreendente: pra tudo o que você imaginar.

“Um Jardim para Tchekhov” no CCBB RJ

ONDE: Teatro III do CCBB RJ / Centro Cultural Banco do Brasil RJ

Rua Primeiro de Março, 66 / Centro, RJ Tel: (21) 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br (mais informações em bb.com.br/cultura)

HORÁRIOS: 4ª a sab às 19h e dom às 18h / INGRESSOS: R$30 e R$15 (meia), na bilheteria do CCBB ou no site bb.com.br/cultura / HORÁRIO BILHETERIA: de quarta a segunda, das 9h às 20h / CAPACIDADE: 86 lugares / DURAÇÃO: 110 min / GÊNERO: dramédia / CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 anos / TEMPORADA: até 27 de outubro de 2024

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